
Cubanos podem comprar computador, mas acesso à web ainda é restrito.
Ainda assim, internautas burlam regras para contar suas vidas ao resto do mundo.
Um mês se passou desde que a população cubana ganhou o direito de comprar computadores, e o governo local ainda mantém um rígido controle sobre o acesso à internet. Mas isso não impede que milhares de pessoas explorem o ciberespaço e que os mais corajosos escrevam blogs sobre a vida no país comunista.
Yoani Sanchez escreve o Generacion Y, que soma mais de um milhão de cliques em um único mês – a maioria deles de estrangeiros, apesar de ela já ter conquistado muitos cubanos. Seus posts geram milhares de comentários – o mais recente deles registra mais de 5 mil deles.
Mas a vida dos blogueiros não é simples. Como o acesso à internet é restrito, quando quer postar textos Sanchez se veste como uma turista e entra em hotéis de Havana que oferecem acesso aos estrangeiros. O preço da conexão é de US$ 6 a hora – o valor e a possibilidade de ela ser pega não permitem que a blogueira fique muito tempo conectada. O salário médio de um cubano é de US$ 20 mensais.
A conexão que os blogueiros cubanos fazem com o resto do mundo via internet é irreversível, afirma Yoani, que neste mês venceu o prêmio espanhol Ortega y Gasset, para jornalismo digital. “Cada passo que damos nessa direção torna mais difícil o governo nos censurar”, afirmou a moradora da ilha.
Desde que assumiu o poder em fevereiro, Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, eliminou proibições que impediam os cubanos de comprar eletrônicos, telefones celulares e de ficar hospedados em luxuosos hotéis para os turistas. Para muitos, a iniciativa apenas legalizou o que já era praticado no país. Em um post recente, por exemplo, Yoani afirmou que muitos cubanos já tinham computadores, celulares e tocadores de DVD comprados no mercado negro.
Apesar de as autoridades não terem realmente se empenhado para impedir a publicação do blog de Yoani, criado há um ano, aqueles que são a favor do governo a acusam de ser paga por grupos da oposição. A página é hospedada em um servidor alemão e muitas vezes o governo tenta bloqueá-la, mas o problema é resolvido em horas. Ela diz ter tantos leitores em cuba que muitas vezes é parada nas ruas por fãs.
Apenas estrangeiros e alguns funcionários públicos e acadêmicos são autorizados a acessar a internet, e ainda assim têm o uso da web monitorado. O resto da população pode utilizar uma rede que permite o envio e recebimento de e-mails internacionais. A navegação é bloqueada para outros sites e serviços. As filas são bastante longas para esse acesso restrito, disponível em clubes, agências de correio e em alguns poucos cibercafés.
Ainda assim, milhares de cubanos pagam cerca de US$ 40 mensais pelo acesso discado à internet, oferecido no mercado negro. Outra alternativa é o uso de senhas de cubanos autorizados, compradas de pessoas desonestas ou de piratas virtuais que roubam esses dados.



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