sexta-feira, 25 de abril de 2008

Criador de 'Final fantasy' deixa sua marca em novo RPG para Xbox 360


'Lost odyssey' conta a viagem épica de um grupo de heróis imortais
(ou nem tanto).

Jogo dividido em quatro DVDs tem personagens carismáticos e grandes batalhas.

Em 30 minutos você acompanha um telejornal? Em duas horas você assiste a um filme? Pois em 10 horas você descobre que está apenas arranhando a superfície de "Lost odyssey", RPG exclusivo do Xbox 360, criado por Hironobu Sakaguchi, o pai de "Final fantasy".


A longa duração desse tipo de jogo é um dos motivos que levam uma "pessoa comum" a rotular um jogador de "pessoa alienada" e "sem vida social" - não há nada como as expressões implacáveis, certo? Mas o que o cidadão não percebe é que os gamers estão apenas aproveitando o melhor do entretenimento contemporâneo, incluindo as histórias mais emocionantes e personagens impagáveis, seja em um RPG de fantasia ou no melhor retrato da cultura norte-americana pós – 11 de setembro. E, afinal, o tempo não é relativo? (Gols aos 47 do segundo tempo provam que sim).


Guerra de imortais


"Lost odyssey" conta a história de Kaim, o herói imortal com mil anos de idade (e cara de 25) que perde a memória em um mundo dominado pela "revolução mágica-industrial". Outros personagens se juntam a ele para formar o grupo principal: uma ex-pirata inquieta, um espião folgado (Jansen, uma espécide de Joey da série "Friends") e até membros da nobreza. São as histórias de cada um deles e as emocionantes batalhas que fazem de "Lost Odyssey" algo mais que uma "cópia" de "Final Fantasy", e um jogo com algumas das cenas mais dramáticas já vistas no Xbox 360.

O jogo guarda cenários belíssimos e acontecimentos surpreendentes que prendem a atenção do jogador desde o início. Os novatos no gênero, porém, podem encontrar obstáculos no sistema de batalhas ou perder a paciência até que a aventura realmente comece.



Os quatro DVDs que comportam o jogo dão a falsa sensação de que estamos diante da maior aventura do mundo. Na verdade, as cerca de 50 horas totais de "Odyssey" são apenas um aquecimento perto dos capítulos mais longos de "Final fantasy", e o que multiplica o número de discos desse novo RPG é um pequeno "bônus". O jogador pode escolher entre cinco línguas para ouvir os diálogos: inglês, francês, italiano, alemão ou japonês (a língua original). E em RPGs japoneses, acredite, você vai querer prestar atenção a todas as conversas.


Lição de casa


Kaim está no campo de batalha quando o céu simplesmente se abre e derruba um meteoro banhado em lava vulcânica. Desaparecem os exércitos, sobra Kaim. Imortal que é, o herói atende a um pedido das autoridades e vai investigar se um suposto vazamento de magia em uma indústria secreta teria causado a queda do meteoro.



Felizmente, nada sai como previsto. Entre armações políticas e traições, Kaim começa a recuperar a memória nebulosa de mil anos de vida, e então a história surpreende o jogador e faz com que 10 horas de jogo passem como 15 minutos de "Lost" na TV.



RPG tradicional japonês significa: roupas que parecem fantasias, diálogos dramáticos e personagens sensíveis. Fatores que, em vez de condenarem a ação, apenas intensificam o tom artístico do jogo. Quando Kaim recupera pontos-chave de seu passado, trechos de sonhos são apresentados em forma de longas poesias, com imagens abstratas. Esses sonhos quebram o ritmo do jogo, mas trazem informações importantes para quem faz questão de não perder detalhes. Os impacientes têm a opção de "pular" os sonhos ou vê-los mais tarde.



Cenários como a cidade de Numara ou a floresta Crimsom, embora nada revolucionários, ficarão guardados na memória por um bom tempo – desde que você tenha persistência para chegar até lá.


Um de cada vez


Ao contrário de jogos como "Oblivion" e "Mass effect", "Lost odyssey" tem batalhas por turno. Ou seja: "uma pessoa toma uma decisão por vez", seja atacar, defender, utilizar algum item ou proteger o companheiro. Esse sistema aumenta ainda mais a tensão e obriga o jogador a traçar uma estratégia em vez de apenas partir para cima do inimigo.



A diversidade de monstros impressiona, e os detalhes de cada um, seja nas vozes ou no visual, chegam a assustar – cuidado com os Kelolons e suas "fada-madrinhas". A trilha sonora é assinada por Nobuo Uematsu, mesmo compositor de "Final fantasy". Embora as músicas não superem nada que Uematsu tenha feito antes, basta assistir às cenas do funeral no final do DVD 1 para entender que o maestro sabe o que faz.



"Lost odyssey" lida com temas adultos. Sem sexo e com violência praticamente simbólica, discussões sobre guerra, lealdade e morte dominam os diálogos mais marcantes. Não é contra-indicado para menores de 18 anos, como sugere a classificação do Ministério da Justiça, mas os mais jovens devem caprichar no inglês para aproveitar melhor o jogo.

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